UNILA será sede do Parlamento Juvenil do Mercosul

A UNILA vai sediar a sétima edição do Parlamento Juvenil do Mercosul, que será realizado em agosto deste ano, e deve reunir 150 estudantes do ensino médio de escolas públicas dos países integrantes do bloco. Nesta semana, uma comitiva do Ministério da Educação esteve na Universidade para conhecer as instalações e participar de reuniões preparatórias para o evento. O grupo também participou de reuniões com gestores do Município.
O tema desta edição do Parlamento é “A integração regional e as mudanças climáticas”. A escolha dos participantes passa por diversas etapas em cada um dos países. O Brasil terá representantes de 25 estados (a exceção é Santa Catarina) e do distrito federal na etapa internacional.
A seleção teve início com a escolha de seis projetos por cada um dos entes federados, que se encarregaram de mobilizar os estudantes, receber e eleger as melhores propostas. Até dia 25 de fevereiro, os candidatos responsáveis pelos projetos farão suas campanhas e a escolha dos representantes de cada estado será feita por votação, entre os dias 26 e 28 deste mês. Poderão votar jovens de 14 a 29 anos, por meio do link que será divulgado na página do Parlamento, onde também é possível ver as propostas de todos os candidatos. O resultado está programado para 10 de março.
Na etapa nacional, que será realizada em Brasília, os responsáveis pelos três projetos melhor votados de cada estado irão participar de atividades formativas e escolher um representante para cada estado para participação do Parlamento, em Foz.
- Yann Evanovick: pluralidade representada
O Parlamento Juvenil do Mercosul foi criado em 2010 e teve seis edições até agora, quatro delas no Uruguai, onde está a sede do Mercosul. Mas, desde a edição de 2023, realizada na Argentina, a sede do evento passa a ser o país à frente da presidência do bloco, por isso, neste ano, o evento será realizado no Brasil, com a escolha da UNILA para sede. “A UNILA foi escolhida porque é uma experiência exitosa de política educacional, de política internacional”, destaca Yann Evanovick, coordenador geral de Política Educacional para a Juventude, do Ministério da Educação. Além disso, a Universidade tem um papel geograficamente estratégico, diz ele, com sua localização facilitando a chegada das delegações da Argentina e Paraguai.
Ele ressalta que um dos principais critérios no processo para a escolha dos estudantes que irão representar o Brasil no Parlamento foi a equidade. “É parte da visão da nova gestão. Nós estabelecemos, pela primeira vez, critérios de equidade de gênero e étnico-raciais. Vamos ter negros, vamos ter indígenas presentes na nossa delegação. São critérios muito caros para nós. Se não houver uma política de indução à participação, não teremos de fato a pluralidade do país representada.” Ele destaca alguns números que mostram essa diversidade: estudantes pretos somam 11% dos 619 inscritos no processo; 50% são pardos; brancos são 35% e indígenas, 1%; e a maioria são mulheres, 63%. Dos 619 inscritos, 142 estão na disputa para a etapa nacional e o perfil segue essa diversidade: 67% são mulheres; 48,5% pardos; 14% pretos; 34% brancos; e 2% indígenas.
Auriana Diniz, gerente de projeto na Secretaria Executiva do MEC, explica que a realização do Parlamento no Brasil atende uma das diretrizes do governo federal. “A juventude é uma bandeira do nosso governo. O presidente Lula sempre deixou muito claro que a juventude tem um papel muito importante. E essa ação expressa um pouco dessa dessa vontade política, que se torna real no envolvimento em programas dessa envergadura”, diz.
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- Auriana Diniz: “A juventude é uma bandeira do nosso governo”
A escolha do tema – mudanças climáticas e integração regional – para esta edição do Parlamento também está interligada com outras políticas públicas e preocupações do governo federal, afirma Auriana. “Temos que lembrar que a COP [Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima] será no Brasil, onde a questão climática tem muita importância. Estamos trabalhando nas diversas áreas para que isso não seja só um momento estanque, mas que haja todo um diálogo.”
Ao lado das mudanças climáticas, a integração da América Latina também estará no foco das discussões dos jovens parlamentares. “Existe esse sentimento de retomada das políticas educacionais no país, de dar centralidade à agenda da juventude, de falar de democracia, de falar de América Latina, de falar da unidade desse continente, de falar do respeito a autodeterminação dos povos”, enfatiza Yann. “A UNILA é um palco superestratégico para isso porque é exatamente essa a universidade que se pensou para a integração.”
- Diana Araujo Pereira: “Formação de identidade territorial”
Para a reitora da UNILA, Diana Araujo Pereira, a realização do evento reforça a própria missão da Universidade. “Traz também o sentido de formação da juventude para uma cidadania regional, para uma consciência, uma identidade territorial diferenciada, que extrapole o nacional, que se reconheça como território, como América Latina, Caribe, como América do Sul”, diz.
A pró-reitora de Relações Institucionais e Internacionais, Suellen Péres de Oliveira, lembra que a UNILA foi declarada uma universidade de interesse pelo Parlasul e que vem participando como observadora das reuniões dos ministros de Educação do Mercosul. “A representatividade da UNILA e seu protagonismo ajudaram na escolha para o evento”, reforça. O Parlamento, completa ela, também será uma “oportunidade para que os estudantes que irão representar os países do Mercosul conheçam a Universidade e os processos seletivos internacionais”. A UNILA reserva 50% de suas vagas para estudantes internacionais de países da América Latina e do Caribe.
Participação cidadã
O Parlamento Juvenil do Mercosul é uma iniciativa do Setor Educacional do Mercosul que proporciona aos estudantes um espaço de encontro e diálogo que incentiva o protagonismo juvenil para a geração de propostas sobre temáticas de interesse comum. “O objetivo é exatamente despertar nos estudantes uma perspectiva cidadã, mas também uma perspectiva de participação. Acho que cada jovem, a partir do seu lugar de fala, a partir da sua experiência, do seu território, pode e deve contribuir”, destaca Yann.
O Parlamento Juvenil do Mercosul é organizado em conjunto pela Organização dos Estados Ibero-americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI), os Ministérios de Educação dos respectivos países e o Parlamento do Mercosul. No Brasil, a responsabilidade pelo evento é da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização de Jovens e Adultos, Diversidade e Inclusão (Secadi), Secretaria de Educação Básica (SEB) e Assessoria de Assuntos Internacionais, em parceria com as secretarias estaduais de Educação.