Quilombo Apepu desenvolve turismo ao lado do Parque Nacional do Iguaçu

Roteiro nas proximidades da unidade de conservação une identidade,
ancestralidade e natureza para atrair visitantes com responsabilidade.

Localizado a menos de uma hora de Foz do Iguaçu, o Quilombo Apepu está elevando o turismo de base comunitária na região. A comunidade vizinha ao Parque Nacional do Iguaçu caminha para consolidar um projeto que une identidade, ancestralidade e natureza pelos próximos dois anos.

O projeto se chama Turismo de Base Comunitária no Quilombo Apepu, situado no município de São Miguel do Iguaçu. O acesso à comunidade é fácil, por meio da estrada rural existente ao lado do Parque Nacional do Iguaçu, a apenas 35 quilômetros da fronteira.

O mais recente passo para a consolidação do roteiro foi a realização do Curso de Condutores de Visitantes, promovido neste mês com duas turmas. A primeira capacitação ocorreu nos dias 19, 20, 21 e 22, no Gresfi, em Foz do Iguaçu. A segunda formação foi realizada nos dias 23 e 24, no próprio Quilombo Apepu.

O curso é voltado para pessoas que desejem conduzir visitantes em áreas naturais protegidas, como parques nacionais. Exigido pelo ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), tem como objetivo capacitar condutores para atuar com segurança, ética e responsabilidade ambiental.

Durante as aulas, os participantes aprenderam sobre a importância das unidades de conservação e o papel do ICMBio; técnicas de condução de grupos em trilhas e ambientes naturais; princípios de mínimo impacto e conduta consciente; primeiros socorros e segurança para atividades ao ar livre; além de normas e boas práticas para a visitação sustentável.

As formações foram ministradas pela ABETA (Associação Brasileira das Empresas de Ecoturismo e Turismo de Aventura) e, localmente, contaram com apoio do Clube Gresfi, da Unila (Universidade Federal da Integração Latino-Americana), da ABIH Regional Oeste (Associação Brasileira da Indústria de Hotéis) e da Secretaria Municipal de Turismo.

Os instrutores prepararam os participantes para trabalhar profissionalmente como condutores de visitantes. Foram 12 horas presenciais de aprendizado de competências essenciais para guiar visitantes com segurança, respeito e consciência ambiental. Os alunos certificados agora estão aptos a ir a campo.

Entre 2025 e 2027, a iniciativa prevê o desenvolvimento de roteiros turísticos sustentáveis, formações comunitárias, infraestrutura adequada e materiais de comunicação. O objetivo é fortalecer a cultura quilombola e promover a conservação ambiental — um projeto com foco no protagonismo comunitário e no reconhecimento das raízes quilombolas.

Curso abre caminho para integração de povos tradicionais

O Curso de Condutores de Visitantes também foi um espaço de troca entre comunidades. Maria Serrate dos Santos, liderança do Quilombo Horta do Seu Zé e da Dona Laíde, participou da formação e agradeceu a oportunidade de intercâmbio e acolhimento.

“É um lugar que precisa ser conhecido pelas pessoas, em especial por outras comunidades e povos tradicionais, tanto indígenas quanto quilombolas de outras regiões”, destacou a representante da comunidade localizada na Região Norte de Foz.

Representante da Aldeia Indígena Tekoha Ocoy, Silvano Pereira ressaltou a importância da formação para aproximar ainda mais quilombolas, indígenas e outras comunidades. “Com certeza, teremos mais interação entre comunidades indígenas e quilombolas. Agradeço muito pelos aprendizados”, afirmou.

Para a anfitriã do Quilombo Apepu, Gislaine Correia, a parceria entre a comunidade e o ICMBio coloca em prática o tão falado turismo de base comunitária, fortalecendo a capacitação em turismo de natureza e ampliando as oportunidades para as comunidades tradicionais do entorno do Parque Nacional do Iguaçu.

“Deixo um convite a todos os turistas: venham desfrutar um pouquinho do nosso paraíso na natureza. Trabalhamos, por agendamento, com alimentação, cafés e almoços, além de passeios guiados por uma trilha em meio à floresta. Ela é maravilhosa, com muita diversão, história e cultura”, disse, feliz da vida.

Um dos destaques do projeto é o resgate da história da laranja apepu, símbolo da comunidade e inspiração para o fortalecimento da agroindústria local. A proposta está alinhada às diretrizes do ICMBio e abrange três municípios: Foz do Iguaçu, Santa Terezinha de Itaipu e São Miguel do Iguaçu, promovendo o turismo como ferramenta de inclusão, geração de renda e proteção do território.

Formação integra o programa Abrace o Parque

O Curso de Condutores de Visitantes integra o Abrace o Parque, programa de projetos socioambientais executado pela Adetur (Agência de Desenvolvimento Cultural e Turístico da Região Cataratas do Iguaçu e Caminhos ao Lago de Itaipu), em parceria e com patrocínio do ICMBio/Parque Nacional do Iguaçu e apoio da Urbia Cataratas.

Em outras palavras, Abrace o Parque é uma plataforma de articulação entre comunidades e conservação — um convite para a construção conjunta de formas de cuidar da biodiversidade e das pessoas que vivem com ela. Além do Turismo de Base Comunitária do Quilombo Apepu, o programa desenvolve outros dois projetos: Plano de Envolvimento com o Entorno e Frutos do Iguaçu.

Serviço

Turismo de Base Comunitária no Quilombo Apepu

Autodeterminação, autogestão e geração de renda associada à sustentabilidade

Instagram: @quilombo_apepu

WhatsApp: (45) 98415-5930