Pedra Escrita do Iguaçu: achado arqueológico conecta a Tríplice Fronteira com a Guerra do Paraguai

Rocha com inscrições encontrada na região traz referências à passagem de uma embarcação de nome Greenhalgh, pertencente à Armada Imperial do Brasil
Louvain conta que não é possível ter a datação absoluta deste achado por tratar-se de um material lítico com inscrições não orgânicas, porém, é possível fazer um trabalho de datação relativa através do levantamento de documentação histórica, o que fornece evidências em torno da sua autenticidade. “De fato, teve um Vapor Greenhalgh que lutou na Guerra do Paraguai e que passou por aquela região nessa época, e há o hábito de embarcações, ao desembarcarem tropas, deixarem as inscrições em rochas”, relata ele.
Canhoneiras, como explica o historiador e professor Micael Alvino da Silva, são barcos pequenos equipados com canhões que eram utilizados em navegação fluvial, e a Greenhalgh pertenceu à Armada Imperial do Brasil (hoje Marinha do Brasil). Micael apresentou um parecer histórico sobre a “Pedra Escrita do Iguaçu”, dando como conclusiva a autenticidade da inscrição na pedra. “Em setembro de 1869, a Guerra do Paraguai já dava sinais de esgotamento. A capital Assunção estava sob ocupação do Exército Brasileiro desde janeiro daquele ano e o ritmo das operações no teatro central já havia diminuído. Justamente essa condição que torna possível que uma canhoneira por nome Greenhalgh tenha visitado a Tríplice Fronteira”, registra o parecer.
Todo o grupo de pesquisadores envolvidos comemora o achado arqueológico, mas é consensual também que a remoção da pedra para fins de conservação e futura exibição ao público se apresenta como uma possibilidade de ação de preservação do patrimônio nacional do Brasil e internacional da América do Sul.
Por fim, o pesquisador Micael Alvino da Silva ressalta que a Guerra da Tríplice Aliança é um assunto da memória histórica nacional brasileira e argentina. Contudo, para o Paraguai, a Grande Guerra (como o conflito é conhecido) deixou marcas profundas na sociedade nacional. “Não se trata de um assunto da memória histórica e distante, mas de uma temática presente e conhecida de todo cidadão paraguaio, devendo-se levar em consideração que o conflito possui diferentes abordagens”, considera.